“O Senhor não vê como o homem: o homem vê a aparência, mas o Senhor vê o coração”. (1 Samuel 16:7b)
Todos os dias, no final da tarde costumo sair para caminhar. Já há alguns anos tenho esse hábito, pois enquanto caminho além de exercitar meu físico, descanso minha mente, observo as pessoas e as coisas ao meu redor e acima de tudo, falo com Deus e deixo o Senhor falar comigo. O local onde faço a caminhada tem muitas árvores de várias espécies e tamanhos; e também com lindas flores do cerrado.
Esta semana em especial, observei que quase todas as árvores estavam secas, sem flores ou folhas. Uma em especial me chamou atenção: o Cedro Rosa. Seus galhos tinham bastante espinhos e nas pontas dos galhos uma flor seca, completamente seca, mas, ali, aos meus olhos vi tanta beleza! Aproximei-me da árvore e observei o detalhe das pétalas abertas, porém ressecadas; observei os galhos cheios de espinhos e ao retirar um dos galhos os espinhos não me feriram; eles caíram de tão secos que estavam e dentro das pétalas tinham sementes finíssimas, tão sensíveis que caíram quando as retirei do galho. Assim, com todo cuidado retirei outras flores e as trouxe para casa.
No caminho de volta, carreguei aqueles pequenos galhos com as flores secas com um cuidado muito especial para que as pétalas não se perdessem no meio do caminho. Então o Senhor falou ao meu coração algo que gostaria de compartilhar com você e meu desejo é que o Espírito Santo fale também ao seu coração.
Você já foi menos notado, esquecido ou talvez abandonasse alguém? Um amigo, um parente ou uma pessoa que já fez parte da sua história de vida, sua trajetória, que de algum modo te inspirou ou te ajudou em determinada situação?
É tão fácil esquecermos os outros, não é? Principalmente quando não as julgamos mais “importantes” ou “uteis”. Triste realidade, mas vivemos em uma época que quase tudo se tornou “descartável” e infelizmente não são as coisas materiais apenas, mas as pessoas. Sim!! Descartamos pessoas da nossa vida e somos descartados por muitos também! Certa vez, ouvi uma palestrante educacional dizendo em um dos seus discursos, que estamos na era da sociedade dos descartáveis, da mentalidade liquida, rasa, que não valoriza nada nos outros, que não aprecia ou enxerga “beleza” no olhar e nos atos uns dos outros e que não se importa, pois tudo que precisam e adquirem só serve para “agora”.
A realidade é que estas palavras são verdadeiras e por muitos pensarem em satisfazerem seus desejos “agora”, essas mesmas pessoas não conseguem perceber beleza, fragilidade, temperança, amabilidade, ou gentileza, naquilo que parece muitas vezes uma “casca dura”, ou uma flor seca, em um galho seco, de uma árvore seca em algum lugar qualquer.
O que seus olhos veem quando repara na aparência de alguém?
Para o que seus olhos são atraídos: porte físico, cor da pele ou dos olhos, roupas de grife, dinheiro, poder?
O que faz você se aproximar do outro: sucesso, destaque, estrelismo, autoafirmação, popularidade?
Agora, você já pensou no que seus olhos poderiam ser capazes de ver, com os olhos de Deus?
O Senhor, como nosso criador, não nos vê como o mundo vê. Ele não olha nossa aparência, nosso sucesso profissional, nossa conta bancária, nossa popularidade. Ele vê o nosso coração. O mais profundo do nosso coração e ali Ele faz morada e nos molda segundo a Sua própria vontade. Ele não nos rejeita e jamais nos abandonará.
Talvez, apenas talvez, precisamos prestar mais atenção nas pessoas ao nosso redor e perceber que mesmo com a aparência “seca” há beleza e singeleza ali, que precisa ser revelado, ser descoberta, ser considerada. Na terapia tem um termo muito falado, em inglês que diz: “awareness”, que quer dizer, presença plena. Na presença plena, a pessoa está integralmente voltado para o outro: mente coração e atenção. No momento que enxergamos o outro na sua totalidade, revelamos que nos importamos com ele, não com o que ele é ou tem. Assim como as flores secas que vi naquela árvore. Elas estavam tão plenas! Porém não estavam sendo notadas, pois as pessoas que por elas passavam tinham outro foco e que não incluía percebê-las. Afinal, eram apenas flores secas em um galho cheio de espinhos!
Você percebe a partir disto o quanto julgamos e somos julgados pela aparência?
Somos do mesmo modo nos relacionamentos interpessoais. Notamos quem queremos notar e descartamos quem achamos não ter valor algum. Se voltar para o outro e enxergá-lo em sua plenitude, sem julgamentos, sem esperar algo em troca, sem esperar que algo ali seja mudado por você, é aceitar que somos iguais; é entender que embora julgamos os outros e somos julgados por nossa aparência, o Senhor, o nosso Redentor, vê o nosso coração, julga cada uma das nossas intenções e nos acolhe em Seus braços de amor para que sejamos plenamente cheios da Sua graça.
E você! O que seus olhos veem?
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Ivana é formada em Teologia pelo Seminário MTC Brasil e Letras Português Inglês pela UNIFRAN, missionária, professora de inglês e mãe de Anna Keren e Lucas Benjamin.
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