O que passa na cabeça de uma pessoa quando ela está participando de um culto seja em um acampamento, Igreja, célula ou GP (Grupos Pequenos) e em algum momento ela sente que está recebendo um chamado para missões?
Será que a partir desde momento ele começa a planejar o que fazer para se tornar um missionário e já começa a imaginar como será seu ministério daqui há dez anos?
Não sabemos. O fato é que é preciso planejamento para dar qualquer passo na vida e entender que durante o processo muitas “ondas” irão surgir tentando nos derrubar e nos fazer desistir. Gosto de pensar que somos como um grande barco e que os campos missionários são como o mar. Assim como um barco pode navegar sobre as águas, ele também pode naufragar. Precisamos prestar atenção, pois situações simples podem nos fazer perder ou mudar de direção quanto ao nosso chamado.
- O que pode nos levar a naufragar e não termos forças para prosseguir?
- O que fazer para que nosso barco não naufrague?
A primeira coisa que pode fazer um barco naufragar é “erro de cálculo na construção” (Visão). Cometer erros é normal, todos cometem. Mas cometer erros e permanecer neles, não aceitar orientação de quem é experiente, fazer tudo sozinho ou pegar um manual de sobrevivência no mar, mas nunca ter aprendido a nadar é lutar contra o vento. Imagino que é preciso calcular bem para construir um navio que traga segurança a quem vai embarcar nele, pois ninguém vai entrar em um navio sem confiar que é seguro ou que não há um comandante na embarcação. Nenhum de nós poderá saber como será a jornada, mas não podemos construir nada sem primeiro calcular (Lucas 14: 28-29), pois a frustração de algo não acabado é o mesmo que sonhos sem objetivos.
Para que nossa visão não se perca e afunde diante das dificuldades é preciso “Acordar”! Não podemos ficar “dormindo” enquanto o barco afunda. A nossa visão precisa mudar e só podemos mudar algo quando reconhecemos que erramos. Quando reconhecemos nossos erros fica mais fácil analisar os estragos para que nem tudo se perca. Acredito que é possível aprender com nossos erros e recomeçar. É preciso confiar na decisão que formos tomar e construir algo sólido, firme que traga não apenas resultados, mas aprendizado e maturidade para entendermos que no chamado missionário somos participantes na execução da grande obra de Deus no Mundo, mas é Ele, apenas Ele quem está no total controle. Nossa visão vai gerar aspiração para o futuro, ou seja, as nossas perspectivas de crescimento vão indicar o caminho que pretendemos percorrer e o alvo a ser alcançado. Entretanto quando perdemos a visão, perdemos o foco. E quando perdemos o foco, nossas expectativas não se renovam.
Quando temos uma missão e sabemos que precisamos executá-la, não conseguimos descansar enquanto não concluímos. Mesmo que no meio do caminho tentamos desistir nossa missão deve nos impulsionar a prosseguir. Precisamos saber quem somos e o que queremos, assim cumpriremos nossa missão. Para isto é preciso perceber o que temos acumulado durante a jornada e retirar “pesos” desnecessários.
O segundo motivo é “mudança de rota” (Missão). De fato, o que pode fazer um barco naufragar é a mudança de rota. O comandante entra no barco com uma rota a ser seguida até o destino final e quando há mudanças a tendência é navegar por águas desconhecidas e turbulentas que irão dificultar seu destino final. Gostamos muito de usar os famosos “atalhos”, pensando que caminhos mais curtos podem ser mais rápidos para chegar na reta final, porém, caminhos mais curtos podem causar danos irreversíveis e tais danos podem nos desmotivar ainda mais a não prosseguirmos.
Quando temos uma missão e sabemos que precisamos executá-la, não conseguimos descansar enquanto não concluímos. Mesmo que no meio do caminho tentamos desistir nossa missão deve nos impulsionar a prosseguir. Precisamos saber quem somos e o que queremos, assim cumpriremos nossa missão. Para isto é preciso perceber o que temos acumulado durante a jornada e retirar “pesos” desnecessários.
Acho incrível a história de Jonas. Leia todo o texto aqui. Jonas sabia qual era a sua missão, mas, entretanto, fugiu dela, ou pelo menos tentou.
Você consegue imaginar: o barco, o mar turbulento, a embarcação apavorada e Jonas dormindo?
Para que o barco não afundasse, aqueles homens ali começaram a lançar ao mar as cargas para aliviarem o peso, mas nada funcionava, até que ao lançarem sorte sobre por causa de quem lhes sobreveio aquele mal, a sorte caiu sobre Jonas.
Quem era o peso para a embarcação?
Sim! O próprio Jonas!
A partir disso você pode imaginar: o barco, o mar turbulento, a embarcação jogando Jonas ao mar e o grande peixe engolindo Jonas?
Com certeza, acredito que neste momento Jonas estava bem acordado.
Você consegue imaginar ser você o próprio peso para que seu chamado arranque?
É preciso tirar o excesso de peso que carregamos dentro de nós antes de sermos sufocados por eles, ou pior, antes de afundarmos toda uma embarcação. Ou seja, por causa de pesos desnecessários que carregamos e vamos acumulando durante a caminhada, podemos sufocar nossa família, amigos, equipes no campo, etc. Tirar o peso significa abrir mão não apenas daquilo que nos incomoda ou não gostamos, mas principalmente daquilo que gostamos, que de certa forma guardamos como fuga ou refúgio acreditando que facilitara nossa missão até chegar em terra firme.
Por último, o que pode levar um barco a naufragar é a “perfuração no casco”. Particularmente eu gosto muito de ler sobre construção de barcos, pequenos ou grandes. Confesso que nunca naveguei em alto mar, mas já atravessei alguns lagos e rios nas montanhas do Himalaia no Nepal. O que me fascina é pensar como algo tão pesado pode flutuar sobre as águas?
Em uma das minhas viagens nas montanhas, eu e meu esposo tivemos que usar um barco pequeno para chegarmos a um determinado vilarejo que não se chegava a pé (detalhe: não havia colete salva vidas). Durante o trajeto ainda no início da viagem eu focava na paisagem deslumbrante das montanhas e vales a nossa frente quando percebi que minhas botas estavam molhando. Quando olhei para dentro do barco percebi que havia entrado água. Rapidamente perguntei ao Nepalês que estava remando se havia algum furo no casco. “Então ele respondeu: ‘Não se preocupe, pois, esta água está vindo do movimento do remo. ” E ele continuou: “ Quando há um furo no casco a água entra pela parte submersa do barco onde não podemos ver. Ela vai entrando devagar até o barco ficar pesado e começar a afundar. Se eu perceber que o barco está pesado é porque tem algum furo no casco, então teremos que voltar ao porto imediatamente, pois se formos para o meio do lago onde as águas são mais profundas não conseguiremos voltar e vamos afundar. ”
Uau!!! Que grande lição aprendi naquele momento. Estabilidade é fundamental para que possamos prosseguir. Não me refiro há uma estabilidade financeira, onde muitas vezes cremos que ali está nossa segurança, mas me refiro a uma estabilidade emocional, equilibrada, racional e solidificada que trará descanso para nossa alma e que nos fara navegar sobre as águas mesmo diante de grandes tempestades. Por isto não podemos prosseguir deixando “perfurações” para traz onde visivelmente não há estragos, pois em um determinado momento vai inundar. As instabilidades na nossa vida vão causar “perfuração no casco”, mas é preciso percebê-las e concertá-las antes que nosso barco afunde e para concertá-las é preciso voltar ao porto e parar.
Essa não é uma decisão fácil, mas parar não significa desistir. Parar significa detectar os fatores de risco, o que pode estar causando problemas, concertar e prosseguir. É preciso tomar folego para prosseguir pois mudanças inesperadas podem acontecer no meio do caminho e que vão nos tornar instáveis; e uma pessoa instável que não pode suportar as mudanças climáticas não conseguirá suportar as tempestades vindouras.
“Concertar as perfurações no casco” nos permitirá seguir em frente vencendo novamente grandes desafios e tempestades, mas também nos permitirá ver toda a beleza da jornada, sabendo que nossa rota final é Cristo e é por Ele que permaneceremos até o fim.
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Ivana é formada em Teologia pelo Seminário MTC Brasil e Letras Português Inglês pela UNIFRAN, missionária, professora de inglês e mãe de Anna Keren e Lucas Benjamin.