As quatro armadilhas da mente

Já alguns anos gosto de observar o nascer do sol. Tive a oportunidade de ver essa cena de vários ângulos e em diversos lugares. O que me chama atenção é a forma como Deus governa o Universo com tanta perfeição e nada foge do Seu controle. O interessante disto tudo é que embora algumas pessoas tentam descobrir o mundo como ele é percebido por nós, jamais deixamos de ter aquela sensação de grandeza e verdade que é a essência de tudo com o que nos deparamos todos os dias. O sol nasce e ali a imensidão já se faz presente, os ventos nas árvores, a lavoura crescendo, a chuva caindo na terra, o suor de um dia de trabalho, a lua e as estrelas aparecendo à noite em meio às nuvens do céu. Toda a beleza desse cenário grandioso nos revela a existência de Deus e de tudo o que Ele criou, assim como também o homem feito a Sua imagem e semelhança.

O sol nasce; sua beleza é forte, viva e imensurável. Porém há algo que muitas vezes nos impede de ver tanta beleza: o pecado do nosso coração que afeta nossa mente e distorce o modo como interpretamos tudo que acontece ao nosso redor. Lamentavelmente, muitas pessoas não conseguem interpretar o potencial que há nelas mesmas e vivem com a mente “fechada” em uma superfície rasa, se alimentando apenas com leite ao invés de se fortalecerem com alimentos sólidos que vão gerar saúde para a vida.

Ao ler um texto de Augusto Cury, descobri quatro características que travam a mente humana impedindo-nos de enxergar as possibilidades e que muitas vezes não nos permite caminhar rumo à realização de grandes projetos. Espero que ao ler cada uma delas, você reflita, assim como eu, sobre as atitudes do seu próprio coração que o estão impedindo de ver “o nascer do sol” e crie oportunidades para participar de tanta beleza que há na criação.

Primeira armadilha da mente: o conformismo

O conformismo é a arte de se acomodar, de não reagir e de aceitar passivamente as dificuldades psíquicas, os eventos sociais e as barreiras físicas. O conformista amordaça o Eu, impedindo-o de lutar pelos seus ideais, de investir em seus projetos, de transformar a sua história. É uma pessoa inerte e mentalmente preguiçosa, em áreas que se considera incapaz, inábil. Não exerce suas escolhas por medo de assumir riscos, transformando seus fracassos em medos. Preferem viver na superfície a revelarem o “brilho” sufocado dentro de si mesmo.

Segunda armadilha da mente: o coitadismo

O coitadismo é a arte de ter compaixão de si mesmo. O coitadismo é o conformismo potencializado, capaz de aprisionar o Eu para que ele não utilize ferramentas para transformar sua história. Vai além do convencimento de que não é capaz, entra na esfera da propaganda do sentimento de incapacidade. O coitadista faz marketing de suas crenças irreais, impotências, limitações. Não tem vergonha de dizer: “Sou desafortunado!”, “Sou um derrotado!”, “Nada que faço dá certo!”, “Não tenho solução!”, “Ninguém gosta de mim!”. São pessoas com notável potencial, mas que jogam no lixo. Quem tem dó de si mesmo constrói seus alicerces psíquicos no vazio.

Terceira armadilha da mente: o medo de reconhecer os erros

O medo de reconhecer os erros é, acima de tudo, o medo de se assumir como um ser humano com suas imperfeições, defeitos, fragilidades, estupidez, incoerência. Formamos nossa personalidade em uma sociedade superficial que esconde nossa humanidade e supervaloriza nosso entendimento. Podemos ter dignidade para estar entre os primeiros lugares ainda que nunca subamos no pódio e mesmo que fiquemos entre os últimos lugares; podemos revolucionar o ambiente em que estamos, ainda que anonimamente. A energia gasta pela necessidade neurótica de ser perfeito é caríssima, esmaga o prazer de viver. Reconhecer nossos erros é altamente relaxante, reconfortável, agradável. As técnicas psicoterapêuticas podem expor as causas das nossas mazelas, mas só nós podemos mudar nosso estilo de vida; só nós podemos escolher ver o “nascer do sol” ou viver na “sombra da superfície”.

Quarta armadilha da mente: o medo de correr riscos

O medo de correr riscos bloqueia a inventividade, a liberdade, a ousadia. Há inúmeras pessoas que travaram sua inteligência e enterraram seus projetos de vida pelo medo de correr riscos. Não são conformistas nem coitadistas, eles almejam escalar seus alvos, mas não ousam. Ninguém pode correr riscos sem a ajuda do outro. Quem não corre riscos revela que não precisa do outro. Prefere viver no conformismo raso de suas escolhas a pedir ajuda. Correr riscos, não é ser irresponsável, viver uma vida radical, arriscada. Não, não é isso que estou dizendo. Não devemos correr riscos pelos riscos, por prazer, por pura adrenalina, colocando a nossa vida e a dos outros em perigo desnecessariamente. Mas devemos saber que realizar sonhos, conquistar pessoas e atingir a liberdade emocional impõe correr riscos diários. Precisamos correr o risco da ousadia, o risco de errar, o risco de amar, o risco de arriscar. Precisamos ser menos “engessados”, elogiar mais, ser menos irritantes, dar mais flores ao invés de “lixo”, abraçar mais ao invés de afastar-se, agradecer mais, dançar mais, rir mais, ser mais “leve”. O medo de ousar aprisiona nosso potencial afetivo e nos impede de ver o espetáculo do nascer do sol; o espetáculo da vida!

Reflita:

Qual dessas quatro armadilhas da mente tem impedido você de participar nesse grande palco da vida e que o tem feito perder a oportunidade de interpretar sua própria história escrita pelas mãos do Criador do Universo?

O sol vai nascer todos os dias; mesmo que muitas vezes as nuvens nos impeçam de vê-lo, ainda assim ele não deixará de brilhar, pois essa é a sua natureza.

Texto de Ivana Dias, adaptado do Livro: O código da inteligência e a excelência emocional, de Augusto Cury; 06 de julho de 2020.

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